Expectativas para hoje
Com a agenda de indicadores domésticos e internacionais menos movimentada e com preocupações menores com as questões envolvendo o Japão e a Líbia, ao menos por enquanto, hoje o clima deve ser de cautela nos mercados. Os únicos dados a serem divulgados ainda a tempo de afetar os negócios, hoje, nos mercados ocidentais, são o PPI (índice de preços ao produtor) e os pedidos semanais por auxílio desemprego nos Estados Unidos. Outros dados de expressão apenas serão conhecidos após o final da sessão, como o balanço da empresa Google no primeiro trimestre deste ano, e a bateria de indicadores econômicos da China, dentre eles o PIB, também referente ao primeiro tri de 2011, além da produção industrial e a inflação ao consumidor.
A maior relevância dos números sobre a inflação nos EUA, com os preços ao produtor, hoje, e ao consumidor, amanhã, se justifica pelo fato de que dentre os dirigentes do Fed (Banco Central dos EUA) parece haver um dissenso sobre a condução da política monetária. Vale lembrar que, historicamente, os EUA costumavam se antecipar à Europa nos ciclos de aperto monetário, o que se inverteu agora, já que o BCE foi quem deu o pontapé inicial na retomada das elevações de juros neste pós-crise. Para Ben Bernanke, presidente do Fed, a recente elevação dos preços nos EUA é transitória e o ritmo da recuperação norte-americana, ainda que mais consistente, não permitiria uma elevação de juros. Alguns membros do Fed, no entanto, parecem não se alinhar a esta visão. Apesar disso, devemos considerar que ao decidir sobre os juros, o Federal Reserve observa o núcleo do CPI (inflação ao consumidor), que por expurgar da conta itens mais voláteis apresenta-se mais bem comportado do que o índice cheio. No cômputo do núcleo, a energia e os alimentos, que foram os itens que mais subiram nos últimos meses, não são considerados.
Neste clima, portanto, as bolsas internacionais apresentam tendência declinante para o início dos negócios, como ocorre também com o petróleo e com as principais moedas em relação ao dólar, exceto o iene.
No cenário doméstico, a pauta sem indicadores de maior relevância permite que as discussões continuem centradas na questão cambial. O que os analistas têm afirmado é que a sutil reação do dólar esta semana, que chegou a apresentar valorização de pouco mais de 1% sobre o Real, não seria por efeito do aumento no alcance do IOF, mas principalmente em função da antecipação de ingressos em março. Naquele mês, especulava-se muito sobre a intensidade das intervenções do governo no mercado cambial, e, ao menos até aqui, o remédio ainda não tem sido tão amargo quanto se pressupunha. De qualquer forma, para as próximas semanas a expectativa é de retomada forte do fluxo positivo de dólares na economia brasileira, com muitas emissões de bônus em fase de avaliação pelas empresas de classificação de risco.
Já para o mercado de juros, a tônica é a divisão de opiniões sobre a intensidade do aperto na Selic, se houver, na próxima reunião do Copom, no dia 20. Para quem aposta na elevação da taxa, as expectativas estão bem divididas entre 0,25% e 0,5%, o que evidencia algum ruído na comunicação entre o BC e o mercado.
BOLSA, CÂMBIO E JUROS
As bolsas hoje devem seguir cautelosas à espera de dados importantes sobre a economia chinesa a serem divulgados após o fechamento nos mercados ocidentais.
No mercado cambial, a cautela deve se traduzir em apreciação do dólar frente às principais moedas, hoje, porém, com os juros ainda baixos nos EUA, a tendência de médio prazo segue negativa.
Apesar das opiniões divergentes sobre a magnitude do ajuste na Selic, no próximo dia 20, os juros futuros seguem projetando elevação da taxa básica.
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